Entrada do país significa maior competitividade da indústria nacional e economia para o consumidor
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Veja a relação da Emenda de Kigali com o setor AVAC-R.

Após a aprovação da Emenda de Kigali, uma das questões é sobre o impacto dela no setor AVAC-R (Aquecimento, Ventilação, Ar Condicionado e Refrigeração). Isso porque o termo inclui os gases hidrofluorcarbonos (HFCs) na lista de substâncias do Protocolo de Montreal.

A Dra. Suely Machado Carvalho, especialista sênior do Painel de Tecnologia e Economia (TEAP) do Protocolo de Montreal, deseja boas vindas às novas tecnologias, destaca a maior competitividade da indústria e a economia de energia para o consumidor.

“Bem-vinda também a proteção do nosso planeta com redução considerável das emissões de gases de efeito estufa. “Bem-vinda, Kigali”, frisa a também ex-diretora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Segundo Arnaldo Basile, presidente executivo da ABRAVA (Associação Brasileira de Ar Condicionado, Refrigeração, Ventilação e Aquecimento, o Brasil vai se alinhar com os mais de 130 países que já ratificaram formalmente a Emenda de Kigali.

“Os parlamentares entenderam não haver motivos para obstruções de um assunto que afeta as cadeias dos setores da economia brasileira, que usam gases HFCs, dentre elas, o setor de ar-condicionado, refrigeração, ventilação e aquecimento”, explica Basile.

Para Jorge Nascimento, Presidente Executivo da Eletros, a ratificação da Emenda de Kigali representa um marco para o setor AVAC-R, pois confirma o compromisso do segmento com o desenvolvimento sustentável.

Representantes de Diversos Segmentos Participaram da Discussão

De acordo com Rodolfo Gomes, diretor-executivo do IEI Brasil e coordenador da Rede Kigali, o apoio das entidades empresariais foi fundamental para mostrar a face industrial e econômica de um tratado que é equivocadamente visto apenas como ambiental.

Fazem parte do movimento de apoio a Emenda de Kigali:

  • Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA);
  • Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil);
  • Confederação Nacional da Indústria (CNI);
  • Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros);
  • Sindicato das Indústrias de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar-SP).

Indústria Brasileira Alinhada às Políticas Internacionais

Segundo Abrão Neto, Vice-Presidente Executivo da Amcham Brasil, a Emenda de Kigali é um instrumento relevante no enfrentamento às mudanças climáticas e na preservação do meio ambiente.

“Trata-se de um referencial para alinhar a indústria brasileira às políticas de sustentabilidade adotadas internacionalmente, contribuindo, assim, para a melhoria do ambiente de negócios do Brasil”, afirma Neto.

Samoel Vieira de Souza, vice-presidente do Sindratar-SP, ressalta que, apenas através da ratificação, é possível acessar o fundo multilateral para ajudar a indústria na transição para a adaptação de linhas para a produção de componentes e equipamentos compatíveis com os novos refrigerantes.

Por que a Emenda de Kigali é importante para o Brasil?

Com a ratificação, o Brasil passará a ter acesso a um valor estimado de US$ 100 milhões de dólares do chamado Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, destinado para a adequação de fábricas, geração de empregos e capacitação da mão-de-obra.

Os recursos, embora a fundo perdido, no entanto, não vêm de graça. Para isso, o país precisará ratificar e elaborar um Plano de Ação para Redução de HFCs, estabelecendo os setores prioritários, metas e alocação de tais recursos.

De acordo com o texto da Emenda de Kigali, o país tem até 2024 para se adequar ao novo teto de consumo dos HFCs. A meta é atender o mercado brasileiro de refrigerantes sem aumento da média das importações entre 2020 e 2022, embora a tendência seja de crescimento.

Esse congelamento permanecerá até 2028. Se o país não cumprir suas metas, o uso dos recursos pode ser suspenso ou até cancelado.

Além disso, sem a ratificação, o Brasil ficaria impedido de importar HFCs de países produtores a partir de 2033, em um cenário em que os principais produtores globais (China, Europa, Japão, Índia) já a ratificaram.

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A situação desperta preocupações, uma vez que o Brasil importa todo HFC utilizado pela indústria nacional. Em caso de inação, o Brasil poderia passar por racionamento e apagão de serviços de refrigeração e ar-condicionado.

As consequências seriam drásticas, já que o racionamento no uso ou parada forçada de equipamentos de refrigeração e de ar-condicionado afetaria em cadeia os serviços que necessitam dos fluidos.

Desde residências, supermercados, hospitais até processos industriais, frigoríficos, veículos de transporte de alimentos perecíveis, entre outros. Isto é, o custo de não ratificar a Emenda de Kigali é incomensurável para a indústria, para os consumidores e para a sociedade.

Benefícios da Emenda de Kigali para o Brasil

A ratificação da Emenda traz inúmeros benefícios não só para a indústria como para o meio ambiente. O avanço tecnológico e a normatização evitam que o mercado brasileiro seja destino de aparelhos obsoletos, de baixa eficiência energética e poluentes.

Equipamentos com fluidos refrigerantes que atendem à Emenda são normalmente mais eficientes e o uso desses aparelhos resultaria em economia de R$ 57 bilhões no país até 2035.

Os recursos poderiam ser investidos em demandas mais urgentes da sociedade, conforme estudo de 2020, da Lawrence Berkeley National Laboratory.

Ainda segundo a pesquisa, a mudança evita a necessidade de investir 4,5 gigawatts (GW) de novas usinas para operação no horário de pico no período considerado. Isso significa mais do que toda a capacidade instalada de termelétricas a óleo combustível no país.

Para o meio ambiente, estima-se que o cumprimento da Emenda evitaria um aumento de 0,4 a 0,5 °C na temperatura média do planeta, em 2100.

Um grande potencial na medida em que o mundo inteiro tem o desafio de evitar com que esse aumento ultrapasse 1,5 °C (Acordo de Paris).

A Amcham considera a Emenda de Kigali um instrumento relevante no enfrentamento às mudanças climáticas e na preservação do meio ambiente.

Trata-se de um referencial para alinhar a indústria brasileira às políticas de sustentabilidade adotadas internacionalmente, contribuindo, assim, para a melhoria do ambiente de negócios do Brasil.

Redação WebArCondicionado

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