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Imagine uma tecnologia para controlar o clima para salvar o planeta, parece uma saída muito boa para o Aquecimento Global, certo? Porém, alguns pesquisadores estão se unindo para impedir que essa ideia tenha efeitos colaterais nos países mais pobres.

Várias nações assinaram os Acordos de Paris em 2016, se comprometendo a diminuir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera. As metas do tratado, entretanto, são ambiciosas, e caso não sejam alcançadas, a alternativa derradeira seria investir na chamada geoengenharia climática. Mas o que era apenas uma opção de emergência, longe no horizonte há dois anos, hoje começa a tomar formas concretas.

O que é a geoengenharia?

A geoengenharia climática é composta por uma série de métodos em experimentação para reduzir o dióxido de carbono na atmosfera terrestre, impedindo assim o aumento da temperatura global. Por exemplo, uma dessas estratégias é formada pelas BECCS (bioengenharia com captura de carbono), um gigantesco plantio de árvores e plantas que absorvem o carbono do ar conforme crescem.

Outra técnica já diz respeito a chamada geoengenharia solar, que envolve o envio de balões a uma altura acima das nuvens, onde eles lançariam um aerosol reflexivo que impediria a entrada de mais calor na nossa atmosfera. Mas se essas ideias parecem bonitas no papel, há quem se preocupe com os efeitos colaterais.

Pesquisadores pedem cautela sobre a geoengenharia

No último dia 3 de abril, a Nature, o mais respeitado veículo científico do mundo, publicou um artigo assinado por 12 pesquisadores de países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Nele os cientistas alertam para como as técnicas de geoengenharia climática e solar podem afetar diretamente os países mais pobres.

Segundo o artigo, a comunidade científica, no geral, enxerga com ceticismo as técnicas de geoengenharia, ou porque são muito implausíveis ou porque afetariam de forma imprevisível o equilíbrio dos ecossistemas terrestres. O texto ressalta que as pesquisas da área são patrocinadas majoritariamente por empresas petroleiras, que não têm interesse em reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, e por isso preferem essas soluções secundárias.

geoengenharia-climaPaíses em desenvolvimento precisam pesquisar mais a geoengenharia

Além disso, os cientistas autores do artigo alertam para a possibilidade de que as técnicas tenham grandes efeitos negativos nos países em desenvolvimento. Para que as BECCS surtam algum impacto no nível de dióxido de carbono da atmosfera, por exemplo, calcula-se que seria preciso plantar uma área uma vez e meia maior que o território inteiro da Índia – tudo coberto por uma monocultura que acabaria com a biodiversidade local.

“Os países em desenvolvimento hoje estão excluídos da pesquisa em geoengenharia, que está sendo feita quase totalmente nos países ricos. No entanto, os impactos de qualquer técnica dessas ainda envolvem muitas dúvidas – e a única certeza é os países em desenvolvimento sofreriam mais intensamente com esses impactos”, disse o físico brasileiro Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, que participa da equipe internacional de cientistas, ao jornal O Estado de S. Paulo.

Os pesquisadores palpitam que essas terras seriam exploradas nos países pobres, e não nas nações de primeiro mundo que estão à frente das pesquisas em geoengenharia. Por isso que o artigo, ao mesmo tempo em que enxerga as pesquisas com ceticismo, também incentiva a comunidade científica do Brasil e demais países em desenvolvimento a investirem nessa área para não ficarem pra trás e serem explorados depois.

Redação do Portal WebArCondicionado. Com informações de Nature.
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