Fonte: Pequenas Empresas e Grandes Negócios

Atenção aos detalhes, atendimento personalizado e análise cuidadosa da avaliação do cliente. Esta é a base da Ultra Sempre Frio Refrigeração (USF Refrigeração), empresa de serviços de instalação e manutenção de sistemas de ar-condicionado central, aberta há oito anos por Rosane Campos de Souza. A receita parece simples, mas exigiu um bocado de ousadia. Por essa trajetória, ela foi uma das vencedoras, no Rio de Janeiro, do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2011, na categoria Pequenos Negócios.

O inusitado é que ela começou a atuar como representante de aparelhos de ar condicionado, sem qualquer conhecimento técnico. Recebeu o convite por causa do seu desempenho como gerente de uma equipe de 150 operadores de telemarketing. Encarou o desafio, mas ficou um ano sem salário e só recebeu quando ameaçou recorrer à justiça. Com esse capital acumulado à força e o que tinha restado da indenização do outro emprego, ela decidiu alçar voo próprio. Àquela altura, já havia percebido o potencial desse mercado.

“O telefone não parava de tocar na outra empresa. Apareciam muitos clientes, mas eles reclamavam demais do amadorismo na instalação. Apostei na inversão desse processo. Uma ex-funcionária da época em que eu era gerente, a Monique Serrado, embarcou comigo nessa aventura e hoje é minha sócia. A sala da minha casa foi a sede da empresa por um ano e enfrentamos problemas demais nesse período”, lembra. O mais difícil deles era discutir detalhes dos aparelhos com os técnicos. “Eles falavam qualquer coisa e eu tinha que confiar”, relata. A confiança quase a levou a falência. Ela levou mais de um ano até perceber que estava sendo roubada pelo próprio supervisor e pela equipe. Uma auditoria comprovou as compras duplicadas e sumiço de material, principalmente, cobre.

A empresária teve então que se reinventar. Mesmo “contando centavos”, investiu em cursos de qualificação e aprendeu “a fazer as perguntas certas”. Com o tempo, passou a discutir de igual para igual com os técnicos. Fechou parcerias com pequenas empresas de instalação e passou a dividir o lucro para crescer.

No desenvolvimento dos negócios, ela percebeu como podia fazer a diferença – nos escritórios, vence a resistência masculina com a descrição segura dos aparelhos. Nas residências, o tom é outro. “Em geral, quem decide a compra é a dona da casa, que se sente mais à vontade comigo. Discutimos até o melhor lugar para instalar o aparelho. Também ouço muitas perguntas sobre a possibilidade de colocar ar condicionado no closet, para se vestir com conforto; no banheiro, para não borrar a maquiagem. Já fechei muito negócio assim e duvido que elas tenham a mesma liberdade com um homem”, diverte-se.

A empresa também aplica o rigor feminino ao trabalho dos técnicos. Eles são orientados a dispor as ferramentas com cuidado, não deixar nenhuma sujeira e ainda levar uma flanela e um produto de limpeza para a faxina final. O pagamento só acontece depois da avaliação do cliente. A empresa hoje ocupa uma loja de 170 m² na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, com 18 funcionários diretos e cinco empresas parceiras, cada uma delas com pelo menos dois empregados.

Qualificação

“O Prêmio Sebrae Mulher de Negócios permitiu que eu me reconhecesse com outro olhar. Passei tanto tempo apagando incêndio, que ainda não tinha parado para pensar no que foi construído nos últimos anos e quantas famílias dependem da minha empresa. Agora, quero ir mais fundo na qualificação e vou procurar o Sebrae. O Rio está vivendo um momento ótimo e quero aproveitar todas as chances. Só é possível avançar com solidez, quando a busca pelo conhecimento é permanente”, reconhece Rosane.

Outra empreendedora fluminense, vencedora na categoria Negócios Coletivos, é Ercilia Balzana Alvarenga, do Núcleo de Ovinocaprinocultores do Noroeste do Rio de Janeiro. Ela é uma das fundadoras da primeira Associação de Ovinos e Caprinos de Santo Antônio de Pádua (RJ). Em todo o país, houve 3.646 inscrições para o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. O Sebrae no Rio de Janeiro, um dos cinco estados com maior número de inscrições, recebeu 348 histórias de empreendedoras de sucesso. As vencedoras da etapa estadual serão avaliadas por uma comissão nacional para escolha das vinte finalistas. A fase nacional será realizada em Brasília, no Dia Internacional da Mulher, 8 de março. O grande prêmio para as vencedoras nacionais nas duas categorias – Pequenos Negócios e Negócios Coletivos – será uma viagem internacional para um centro de referência mundial em empreendedorismo.

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