* Atualizado em 17/04/2019

O mercado automotivo segue em constante mudança na Europa e nos Estados Unidos devido a utilização do R-1234yf ao invés do R-134a. Ainda não há data para essas alterações serem implementadas no mercado brasileiro.

Nessa matéria vamos abordar:
Conheça mais sobre o R-1234yf e sua implementação na Europa;
Regras para a mudança nos Estados Unidos;
Honeywell e DuPont foram as primeiras indústrias de refrigerantes a se mexer;
É inflamável ou não é? O que dizem os órgãos fiscalizadores e as montadoras;
Mercedes adota o CO2;
O R-1234yf ainda é um material muito caro;
A fabricação de R-134a continuará para veículos mais antigos?
Lista de veículos que utilizam o R-1234yf desde 2013;
Utilização do R-1234yf no Brasil;
Materiais e ferramentas específicas para a utilização do R-1234yf.

Conheça mais sobre o R-1234yf e sua implementação na Europa

O HFO-1234yf (R-1234yf) é um refrigerante com grau zero de destruição da camada de ozônio e foi desenvolvido para atender a diretiva europeia 2006/40 /EC que entrou em vigor em 2011, exigindo que todas as novas plataformas de automóveis para venda no continente usem um refrigerante em seu sistema ar condicionado com um GWP (Global Warming Potential – em português: Potencial de aquecimento global) abaixo de 150.

Este gás incolor foi proposto como um substituto para R-134a como refrigerante em aparelhos de ar de automóveis, sendo o primeiro HFO-1234yf de uma nova classe de refrigerantes.

Com a mudança para o HFO-1234yf, as montadoras não teriam que fazer modificações significativas em linhas de montagem ou em projetos de sistemas de veículos para acomodar o produto. O HFO-1234yf tem o menor custo de troca para as montadoras entre as alternativas atualmente propostas, embora o custo inicial do produto seja muito maior que o da R-134a.

O produto poderia ser tratado em oficinas de reparo da mesma maneira que R-134a, embora exigisse equipamentos diferentes e especializados para executar o serviço. Uma das razões para isso é a leve inflamabilidade de HFO-1234yf. Outro problema que afeta a compatibilidade entre os sistemas baseados em HFO-1234yf e R-134a é a escolha do óleo lubrificante. O óleo lubrificante atual apresenta sinais de danos ao plástico, ao alumínio e problemas para a saúde.

Leia também: R134A, R410A e R407C poderão ser proibidos em Chillers

Regras para a mudança nos Estados Unidos

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos emitiu regulamentos que exigem que o R-134a seja eliminado da produção doméstica de carros novos até 2021. Ainda assim, R-134a será permitido para certos veículos de exportação, mas até 2025. Depois disso, todos os veículos novos terão que usar refrigerante R-1234yf. A produção da R-134a continuará para a manutenção de veículos mais antigos.

Honeywell e DuPont foram as primeiras indústrias de refrigerantes a se mexer

Pouco depois da confirmação das montadoras que o R-1234yf realmente seria adotado como uma substituição do refrigerante de ar-condicionado automotivo R-134a, a Honeywell e a DuPont anunciaram conjuntamente uma fábrica em Changshu, província de Jiangsu, na China, para produzir HFO-1234yf.  Outros fabricantes também foram licenciados para produzir o refrigerante.

Na Europa e EUA, a Honeywell comercializa o R-1234yf sob a marca comercial Solstice YF e a Chemours (linha de fluidos da DuPont) o R-1234yf sob a marca Opteon YF.

É inflamável ou não é? O que dizem os órgãos fiscalizadores e as montadoras

De acordo com a ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers), o produto é classificado como ligeiramente inflamável. Já a SAE (Sociedade de Engenharia Automotiva) após vários anos de testes demonstrou que o produto não pode ser inflamado em condições normalmente experimentadas por um veículo. Além disso, várias autoridades independentes avaliaram a segurança do produto em veículos e alguns deles concluíram que era tão seguro como o R-134a, o produto em uso nos carros hoje.

Em julho de 2008, a Honeywell/DuPont publicou um relatório afirmando que o “HFO-1234yf é muito difícil de inflamar com faísca elétrica” ​​detalhando os testes que fizeram passando o gás através de uma placa quente aquecida a várias temperaturas na faixa de 500 ° C – 900 ° C. A ignição só foi observada quando HFO-1234yf foi misturado com óleo PAG e passou por uma placa que era> 900 ° C.

Porém, em dezembro de 2012, a Mercedes-Benz mostrou que a substância acendeu quando os pesquisadores pulverizaram, juntamente com o óleo do compressor no motor quente de um carro. Um engenheiro sênior da Daimler (Mercedes-Benz) que realizou os testes, declarou: “Estávamos em choque, não vou negar isso. Precisamos de um dia para compreender o que acabamos de ver”. A combustão ocorreu em mais de dois terços das colisões diretas simuladas. Os engenheiros também notaram ranhuras no para-brisa causado pelos gases corrosivos. BMW e VW-Audi concordaram com a Mercedes afirmando que os testes realizados não são suficientes para julgar completamente a segurança de seus veículos. As montadoras alemãs se inclinaram para o refrigerante de dióxido de carbono, que pode ser mais seguro para os passageiros e para o meio ambiente.

Após Mercedes afirmar que o novo refrigerante poderia ser inflamado, o alemão Kraftfahrt-Bundesamt (Federal Motor Transport Authority) realizou seus próprios testes. A Autoridade concluiu que, embora a substância fosse potencialmente mais perigosa do que o R-134a, não constituía um perigo grave. No entanto, as montadoras alemãs não concordam com suas descobertas e procedimentos de teste. Na sequência de outros testes independentes, a General Motors ainda planeja transitar todos os novos modelos para o novo refrigerante até 2018. A Chrysler anunciou que continuariam a transição para R1234yf também. As montadoras japonesas também estão fazendo a transição para R1234yf, Honda e Subaru começaram a introduzir o novo refrigerante já com nos modelos de 2017.

Mercedes adota o CO2

Em janeiro de 2017 entrou em vigor a nova regra europeia para as fabricantes de automóveis. Porém, a alemã Daimler, fabricante da Mercedes Benz, anunciou no final de 2016 que iria seguir um caminho ainda mais sustentável que a utilização do R-1234yf, e passaria a utilizar em seus carros  o CO2.

Leia mais sobre o assunto:
Mercedes vai usar CO2 nos sistemas de ar condicionado de seus carros no lugar de R134a

O R-1234yf ainda é um material muito caro

R-1234yf é significativamente mais caro do que o R-134a devido a suprimentos limitados e o fato de haver um certo monopólio de empresas que o fabricam. Até o ano passado, o preço era de cerca de US$660 a US$675 por um recipiente de 10lb (4,540 Kg), ou seja US$66 a US$67 por libra (454g). Algo em torno de 10 vezes mais caro que o R-134a.

O preço do R-1234yf deve cair lentamente à medida que a produção aumenta para atender a uma demanda crescente.

A fabricação de R-134a continuará para veículos mais antigos?

Não há planos para eliminar a produção do R-134a porque ainda será necessário para atender veículos antigos com os sistemas de ar condicionado que ainda o utilizam. A adaptação dos sistemas R-134a para R-1234yf parece improvável devido à diferença de custo e desempenho de refrigeração e a problemas de compatibilidade e lubrificação do material.

Alguns veículos que utilizam o R-1234yf desde 2013

Segue abaixo lista dos carros fabricados com R-1234yf nos Estados Unidos:

BMW i3 Electric | Cadillac XTS | Chevrolet Malibu, Spark EV e Trax | Chrysler 300 | Dodge Challenger | Honda Fit EV | Hyundai Santa Fe & i30 | Ford Transit | Infinity Q50 | Jeep Cherokee | Kia Sorento | Optima | Cadenza | Mazda CX-5 | Mitsubishi Mirage | Range Rover | Range Rover Sport | Subaru BRZ | Forester | Impreza

 TAG de fluido refrigerante R-1234yf FORD:

TAG de fluido refrigerante R-1234yf GM:

TAG de fluido refrigerante R-1234yf TOYOTA:

Utilização do R-1234yf no Brasil

Conforme falamos no início do texto, não há qualquer norma em andamento no Brasil para essa mudança. Os carros produzidos em solo nacional continuam utilizando o R-134a, porém o mundo está em desenvolvimento e nos próximos anos deveremos ter novidades por aqui também.

Alguns modelos de carros mais sofisticados ou de importação independente, já começam a circular pelo Brasil. A incidência de manutenção é quase nula, mas caso haja a visita de algum desses modelos na oficina, os reparadores já devem estar preparados para trabalhar nesses modelos ou declinar do serviço por não estarem preparados.

Apesar deste fluido não causar danos à camada de Ozônio e praticamente não afetar o aquecimento Global, por questões de custo e segurança é certo que ele deverá ser manuseado corretamente, com conhecimento e com equipamentos corretos.

Algumas empresas especializadas em ferramentas para ar condicionado automotivo já estão apostando neste novo fluido refrigerante e já estão trazendo e disponibilizando máquinas e ferramentas específicas para trabalhar com este novo fluido, inclusive recicladoras com versões mais sofisticadas, com identificador de fluido refrigerante para evitar acidentes e danos ao equipamento e ao sistema do veículo.

Materiais e ferramentas específicas para a utilização do R-1234yf

Recicladora específica para R1234yf:

Manifolds com engates rápidos específicos para R1234yf:

Óleo específico para compressores de cárter aberto para R1234Yf:

Muitas montadoras já estão se antecipando e fabricando componentes que atendem as especificações de trabalho tanto do R134a quanto do R1234yf como mangueiras, compressores, etc.

Compressor GM Spin 2014, apesar de usar R-134a, o compressor permite trabalhar com o novo R-1234yf, desde que se utilize o óleo correto.

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* Nessa matéria, contamos com a contribuição da Élida Corrêa e do Mário Ishiguro, da Ishi Ar Condicionado Automotivo. Obrigado, pessoal!

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Redação do Portal WebArCondicionado
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